O dólar à vista começou o dia em forte alta, chegando brevemente a superar a marca dos R$ 6, reflexo da reação do mercado ao detalhamento do pacote fiscal anunciado na noite anterior (28) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O governo estima que as medidas possam gerar um impacto de R$ 70 bilhões em dois anos e economizar até R$ 327 bilhões até 2030. Entre as propostas, destacam-se a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a criação de uma taxação mínima de 10% para rendas mensais superiores a R$ 50 mil, como forma de compensar a primeira medida.
A resposta do mercado, no entanto, foi marcada por cautela e apreensão. Analistas destacam a dificuldade em calcular os impactos reais das ações e apontam sinais de isolamento da equipe econômica de Haddad dentro do governo, além de dúvidas sobre o comprometimento com o rigor fiscal.
Por volta das 11h30, o dólar à vista atingiu R$ 6 por alguns segundos, recuando em seguida para R$ 5,9925, uma alta de 0,92%.
Segundo Diego Costa, chefe de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, a comunicação tem sido um dos maiores desafios do governo. “Era esperado que o pronunciamento do ministro trouxesse alívio ao mercado, mas o efeito foi exatamente o oposto”, afirma. Ele lembra que, no ano passado, o Brasil avançou em direção ao grau de investimento com o novo arcabouço fiscal e uma perspectiva mais otimista sobre as contas públicas.
“A mensagem dos mercados é clara: soluções simplistas não serão bem aceitas. O momento exige propostas concretas e viáveis. A expectativa é que o texto do arcabouço fiscal seja debatido e aprovado dentro do apertado cronograma de 2024”, conclui Costa.
E o Ibovespa?
Enquanto o dólar concentra grande parte das atenções, o Ibovespa também iniciou o dia em queda. No mesmo horário, o índice recuava 1,18%, marcando 126.165 pontos.
