Com mais de uma década dedicada à articulação de forças produtivas e institucionais em prol do desenvolvimento sustentável da região, Belisário Arce, fundador e diretor-executivo da Associação PanAmazônia, relembra os desafios e conquistas desde a criação da entidade, em 2010. Em entrevista exclusiva ao Porto de Lenha News, ele fala sobre o legado construído ao longo dos anos, as transformações provocadas pela PanAmazônia e as novas frentes que pretende abrir para o futuro da Amazônia. Confira:
1 – O que motivou a criação da Associação PanAmazônia em 2010?
A criação da Associação PanAmazônia foi motivada pela necessidade de uma articulação regional que unisse forças produtivas, lideranças empresariais e institucionais em torno de uma visão propositiva para o desenvolvimento da Amazônia. Queríamos romper com o isolamento histórico da região e mostrar que é possível pensar a Pan-Amazônia não apenas como um espaço de conservação, mas também de prosperidade, inovação e liberdade econômica.
2 – Como surgiu o conceito de “cooperação pan-amazônica” dentro do escopo do liberalismo econômico?
A ideia de cooperação pan-amazônica nasce da compreensão de que os países que compõem a bacia amazônica compartilham desafios comuns: infraestrutura precária, baixa competitividade e excesso de burocracia. Acreditamos que os princípios do liberalismo econômico — como livre iniciativa, segurança jurídica e abertura ao comércio — são as ferramentas mais eficazes para integrar essas nações em uma rede de desenvolvimento mútuo, respeitando as especificidades de cada território.
3 – Quais foram os principais desafios enfrentados na fase inicial da Associação?
O principal desafio foi cultural: consolidar a ideia de que era possível construir uma entidade sólida, apartidária e financiada exclusivamente pela iniciativa privada, com foco em articulação regional e em uma agenda liberal. Além disso, conquistar a confiança de empresários e instituições, em um ambiente muitas vezes marcado por desconfiança mútua e fragmentação política, foi um grande obstáculo inicial.
4 – Quais marcos o senhor destacaria nesses 15 anos de atuação da PanAmazônia?
Destaco a construção de uma rede com quase 200 empresas associadas, a realização de missões internacionais, os eventos de grande visibilidade como os Encontros PanAmazônicos, a defesa pública de causas estratégicas como a exploração sustentável de potássio em Autazes e a atuação em temas como a BR-319 e a reforma tributária com foco regional. Também valorizo muito nossa atuação cultural e editorial, com publicações e exposições que celebram a identidade amazônica.
5 – A rede pan-amazônica de empresários cresceu muito ao longo dos anos. Como o senhor avalia a importância dessa articulação hoje?
Hoje, essa articulação é um ativo estratégico. Em um mundo cada vez mais conectado, a capacidade de formar alianças regionais é essencial para atrair investimentos, influenciar políticas públicas e defender os interesses da Amazônia em fóruns nacionais e internacionais. A rede que construímos é um instrumento vivo de diplomacia empresarial — algo inédito na história da região.
6 – O modelo de financiamento exclusivamente privado foi um diferencial desde o início. Como isso impacta a autonomia e a credibilidade da Associação?
Esse modelo nos deu liberdade. Nunca dependemos de emendas parlamentares ou convênios públicos, o que nos permitiu atuar com independência, coerência e agilidade. Isso também reforçou nossa credibilidade entre os próprios empresários, que sabiam estar investindo em uma associação comprometida com resultados e livre de interferências político-partidárias.
7 – A PanAmazônia defende a agenda liberal na região. Como isso se traduz, na prática, para os territórios amazônicos, que muitas vezes convivem com grandes desigualdades e fragilidade institucional?
Nossa visão é de que a liberdade econômica é pré-condição para a superação da pobreza. Isso significa defender menos burocracia para os empreendedores, mais segurança jurídica para quem quer investir e mais liberdade para que aqueles que desejam empreender na Amazônia possam desenvolver seus negócios da melhor forma possível. A agenda liberal, para nós, é uma agenda de inclusão produtiva e de dignidade.
8 – Como equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, especialmente em uma região tão sensível como a Amazônia continental?
Esse equilíbrio só será alcançado quando a floresta gerar prosperidade para quem vive nela. Criminalizar o desenvolvimento ou impor restrições externas sem alternativas práticas apenas gera mais pobreza — e, consequentemente, mais degradação.
9 – Que tipo de políticas públicas ou marcos legais o senhor considera mais urgentes para permitir o florescimento do ideal liberal na Amazônia?
Desburocratização ampla, segurança jurídica para investimentos e revisão de marcos regulatórios ultrapassados, como os das áreas de mineração e energia. Precisamos transformar o potencial da Amazônia em oportunidades reais, com um ambiente de negócios que funcione. Acima de tudo, precisamos de liberdade.
10 – Como o senhor enxerga o papel dos países amazônicos — além do Brasil — na agenda da PanAmazônia?
Eles são aliados naturais. Colômbia, Peru, Bolívia, Guiana e Suriname compartilham desafios semelhantes aos nossos. A PanAmazônia tem promovido pontes com esses países, seja por meio de missões empresariais, seja por meio de encontros empresariais e culturais. A integração regional não deve depender apenas dos Estados nacionais — a sociedade civil e o setor privado têm um papel vital.
11 – Com a crescente atenção internacional sobre a Amazônia, como evitar que os interesses externos desrespeitem as necessidades e vocações locais?
Isso exige protagonismo local. Se nós não formos os narradores da nossa própria história, outros o farão por nós — e nem sempre com boa-fé. Por isso, a PanAmazônia defende que as decisões sobre a região sejam tomadas por quem vive aqui, com base em evidências, soberania e respeito às vocações locais. Somos abertos à cooperação internacional, mas sem submissão.
12 – Quais os próximos passos para a Associação PanAmazônia?
Consolidar a presença internacional da entidade, fortalecer ainda mais a rede empresarial regional e lançar um observatório de liberdade econômica na Amazônia. Também queremos aprofundar a formação de jovens lideranças amazônicas, pois acreditamos que o futuro da região está nas mãos de uma nova geração de empreendedores, gestores e pensadores livres.
13 – Depois de 15 anos, qual legado o senhor acredita ter deixado à frente da Associação?
O maior legado é ter provado que é possível construir, na Amazônia, uma instituição privada, independente, conectada com o mundo e comprometida com a liberdade. A PanAmazônia tornou-se uma referência regional e nacional — não apenas por sua atuação técnica, mas pelo espírito de esperança e pragmatismo que representa. Criamos pontes onde antes havia muros.
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