No meio da floresta amazônica, muito antes de luzes, arquibancadas e arquibancadas lotadas no bumbódromo, nasceu o Boi Caprichoso. Uma criação simples, forjada nas mãos calejadas de uma família cearense e impulsionada pelo sonho de um povo que já naquele tempo carregava no peito a força da cultura popular.
Era o ano de 1913 quando Roque Cid, Antônio Cid, Beatriz Cid e Pedro Cid, vindos de Crato (CE), iniciaram sua jornada pelo Norte do país. Pedro ficou em Belém em busca de trabalho. Os demais seguiram até Parintins, no Amazonas, onde, entre promessas a São João e saudade de casa, decidiram plantar ali uma nova raiz: um boi-bumbá chamado Caprichoso, inspirado nas brincadeiras de rua que viram em Manaus.
A estreia foi modesta, mas histórica: no dia 20 de outubro de 1913, no "Reduto do Esconde", hoje Travessa Sá Peixoto, nascia o Caprichoso. Com couro negro e reluzente, iluminado por lamparinas, o boi foi às ruas animado por poucos brincantes, ao som da marujada e comandado pelo Amo. Seu território era o povo — pescadores, lavadeiras, ribeirinhos — que viam na dança do boi uma forma de existir, resistir e celebrar.
Ali, entre rituais simbólicos como o "tira-língua", quando o boi morria para cumprir o desejo de Mãe Catirina e arrecadar fundos para os festejos, firmava-se uma tradição. Um boi que falava com o povo e pelo povo, alimentado pelas esperanças de quem sonhava com dias melhores.
Ao longo dos anos, o Boi Caprichoso foi muito além dos quintais. Se transformou em espetáculo e símbolo de identidade, refletido na estrela azul e branca que enfeita sua testa. O que era apenas folguedo se tornou movimento, arte viva, resistência cultural. Os artistas populares de Parintins encontraram na brincadeira um palco para contar suas histórias, denunciar suas dores e celebrar suas raízes.
Hoje, o Caprichoso é mais do que um boi: é uma força cultural que pulsa com o sangue do povo amazônida. Em seus galpões, nas mãos de escultores, figurinistas e coreógrafos, surgem alegorias grandiosas que encantam o Brasil e o mundo. Mas é nas ruas de barro, nos becos, nas vozes dos mais antigos, que ele permanece fiel à sua origem.
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